Intervenção fisioterapêutica, microbiota oral e Alzheimer

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  1. Introdução

Nos últimos anos, a pesquisa científica tem revelado conexões cada vez mais sólidas entre a saúde oral e doenças sistêmicas, incluindo distúrbios neurológicos. A doença de Alzheimer, caracterizada por perda progressiva da memória e funções cognitivas, tem sido associada a fatores inflamatórios e infecciosos de origem bucal.

  1. Desenvolvimento

Um novo estudo de revisão publicado em abril de 2025 na revista Infection and Drug Resistance analisou a associação entre P. gingivalis e a doença de Alzheimer. A revisão englobou estudos pré-clínicos e clínicos, demonstrando que fragmentos e toxinas dessa bactéria periodontal podem infiltrar-se no cérebro, desencadeando processos de neuroinflamação. As toxinas bacterianas, especialmente, as gingipainas, podem contribuir para a progressão da doença, reforçando hipóteses sobre o papel de infecções crônicas na neurodegeneração.

Além disso, pesquisas recentes indicam que a microbiota oral, como um todo, pode influenciar o estado funcional do idoso. O declínio cognitivo relacionado ao Alzheimer é frequentemente acompanhado de alterações motoras, posturais e nutricionais. Nesse contexto, o fisioterapeuta se insere como agente fundamental na equipe multidisciplinar, promovendo intervenções precoces voltadas à preservação da função motora e à qualidade de vida. A sua atuação, aliada ao cuidado odontológico e ao monitoramento microbiológico, favorece a autonomia e a funcionalidade dos pacientes.

Do ponto de vista clínico, a periodontite também pode agravar condições inflamatórias sistêmicas que afetam músculos e articulações. Infecções crônicas na cavidade oral interferem na mastigação e deglutição, impactando diretamente o estado nutricional – área de atenção crescente na Fisioterapia Geriátrica e na Fisioterapia Orofacial.

  1. Conclusão

A presença de P. gingivalis no cérebro de pacientes com Alzheimer levanta discussões relevantes sobre a conexão entre infecção oral crônica e neurodegeneração. Ao integrar conhecimentos da microbiologia com ações propostas por fisioterapeutas, é possível desenvolver estratégias preventivas e terapêuticas mais eficazes. O cuidado multiprofissional, nesse cenário, representa uma ferramenta indispensável para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida de pessoas em processo de envelhecimento ou com comprometimento cognitivo.

Prof. Me. Diego Thiers Oliveira Carneiro
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu.
Doutorando em Patologia e Medicina Legal, mestre em Ciências Morfofuncionais e graduado em Odontologia.

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