Nos últimos anos, a discussão sobre segurança do paciente e eventos adversos em saúde tem ganhado cada vez mais destaque, o que evidencia uma maior preocupação com a qualidade e a confiabilidade dos serviços de saúde. No Brasil, entre 2015 e 2019, o Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (Notivisa) registrou 264.033 incidentes em saúde. Os dados revelam que o ambiente de internação hospitalar foi o local com maior número de notificações, totalizando 134.235 incidentes. Além disso, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foi responsável por 28,84% dos incidentes notificados, o que corresponde a 73.825 casos (1).
As UTIs são destinadas ao atendimento de pacientes clinicamente graves, que necessitam de monitorização e suporte contínuos de suas funções vitais. É considerada uma área crítica, devido à instabilidade ventilatória e hemodinâmica dos pacientes internados (2). Diariamente, o enfermeiro intensivista trava uma luta no contexto de cuidados críticos, considerando-se que, para planejar a assistência de Enfermagem, precisará administrar aspectos relacionados ao ambiente estrutural, material dos profissionais e dos pacientes (3).
Para isso, o enfermeiro, como líder de sua equipe, deve considerar a segurança do paciente em toda a sua amplitude e complexidade. Isso envolve reconhecer que a segurança vai além da qualidade assistencial e da implementação de protocolos, abrangendo também atitudes, crenças, valores simbólicos e significados que permeiam a prática assistencial. Por passar mais tempo ao lado do paciente durante a internação, realizando procedimentos e cuidados essenciais para a manutenção da saúde, como o manuseio de dispositivos invasivos e tecnologias inovadoras, os profissionais de saúde dessa categoria estão frequentemente expostos a riscos significativos de eventos adversos.
Não é por acaso que a segurança do paciente é um dos maiores desafios para alcançar a excelência na qualidade dos serviços de saúde. Portanto, é fundamental que o enfermeiro desempenhe um papel ativo nos processos que visam garantir a qualidade e a segurança na assistência prestada, contribuindo assim para a proteção dos pacientes e a melhoria contínua dos cuidados de saúde.
REFERÊNCIAS
- Andrade AM, Rodrigues JS, Lyra BM, Costa JS, Braz MN, Dal Sasso MA, t. al. Evolução do programa nacional de segurança do paciente: uma análise dos dados públicos disponibilizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Vigil Sanit Debate. 2020; 8 (4): 37-46. 4.
- Lima MEC, Sousa Segurança do paciente em unidade de terapia intensiva e redução de danos evitáveis: artigo de opinião. Enferm Bras. 2024; 23 (5): 2030-2037. DOI:10.62827/eb.v23i5.4033.
- Gouvea CSD, Travassos, Indicadores de segurança do paciente para hospitais de pacientes agudos: revisão sistemática. Scientific Electronic Library Online, Rio de Janeiro, 26 de jun. de 2020.
Profª. Drª. Ana Cleide Silva Rabelo
Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Ateneu.
Doutora e mestra em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, especialista em Terapia Intensiva para Enfermeiros e Fisioterapeutas e Enfermagem Cardiovascular e graduado em Enfermagem.
Saiba mais sobre o Curso de Enfermagem da UniAteneu.