Síndrome de Burnout: classificação, epidemiologia, sintomas e tratamento

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A Síndrome de Burnout é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi adequadamente administrado. Essa síndrome passou a ser reconhecida a partir da 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), como um fenômeno exclusivamente ocupacional, classificado sob o código QD85 (OPS, 2019).

No Brasil, a nova classificação da CID-11 entrou em vigor em 2025, trazendo impactos significativos na forma de diagnóstico, tratamento e acompanhamento previdenciário da síndrome, especialmente, no Sistema Único de Saúde (SUS) (Fiocruz, 2025). A nível epidemiológico, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de prevalência da síndrome, com cerca de 30% da população economicamente ativa apresentando sinais relacionados ao esgotamento ocupacional (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2023).

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que, somente em 2023, foram registrados 393 casos relacionados à Síndrome de Burnout, o equivalente a 38,08% dos registros da década. O perfil predominante das vítimas inclui mulheres (71,2%), adultos entre 35 e 49 anos (55,5%), brancos (55,1%) e indivíduos com ensino superior completo (49,7%) (MOTA et al., 2024). O estado de São Paulo concentrou 34% dos casos notificados, com 66,4% dos indivíduos apresentando incapacidade temporária para o trabalho.

Durante a pandemia da Covid-19, observou-se um aumento expressivo da síndrome entre profissionais de saúde, com prevalência de até 64,5% entre equipes multidisciplinares em unidades de terapia intensiva (UTIs) (COSTA et al., 2023). Os sintomas da Síndrome de Burnout são classificados em três dimensões principais: exaustão emocional, sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho e redução da eficácia profissional (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2019).

Clinicamente, os sintomas incluem alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas. Destacam-se o esgotamento físico e mental, insônia, dores crônicas, distanciamento social, alterações no apetite e, em casos graves, ideação suicida (REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO, 2022). O tratamento da síndrome deve ser interdisciplinar, com envolvimento de profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, além da possibilidade de uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, em casos mais severos.

É essencial que haja mudanças estruturais no ambiente de trabalho, com promoção da saúde ocupacional, gestão participativa e prevenção do adoecimento (JORNAL DA USP, 2023). A oficialização da Burnout como doença ocupacional permite não apenas o acesso a benefícios previdenciários pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas também amplia a responsabilidade das instituições empregadoras no combate ao adoecimento laboral, sobretudo, em ambientes com alta carga de estresse.

REFERÊNCIAS

COSTA, M. R. et al. Prevalência de Burnout em profissionais da saúde durante a pandemia da COVID-19. Journal of Occupational Medicine, v. 32, n. 4, p. 289–297, 2023. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11461010/. Acesso em: 7 ago. 2025. FIOCRUZ. Classificação da OMS para síndrome de burnout passa a valer no Brasil. Fiocruz Notícias, 2025. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/2025/01/reporter-sus-classificacao-da-oms-para-sindrome-de-burnout-passa-valer-no-brasil. Acesso em: 7 ago. 2025.

JORNAL DA USP. Nova classificação no CID tende a melhorar o diagnóstico e tratamento da síndrome de burnout. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/nova-classificacao-no-cid-tende-a-melhorar-o-diagnostico-e-tratamento-da-sindrome-de-burnout/. Acesso em: 7 ago. 2025.

MOTA, A. L. et al. Síndrome de Burnout relacionada ao trabalho: Epidemiologia dos casos notificados entre 2013 e 2023 no Brasil. Revista da Faculdade de Terapia Ocupacional, v. 8, n. 1, p. 15–27, 2024. Disponível em: https://revistaft.com.br/sindrome-de-burnout-relacionada-ao-trabalho-epidemiologia-dos-casos-notificados-entre-2013-e-2023-no-brasil/. Acesso em: 7 ago. 2025.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. CID-11: Burnout é um fenômeno ocupacional. 2019. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/28-5-2019-cid-burnout-e-um-fenomeno-ocupacional. Acesso em: 7 ago. 2025.

REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO. Síndrome de Burnout: sintomas e consequências no ambiente laboral. RBMT, v. 20, n. 2, p. 105–112, 2022. Disponível em: https://www.rbmt.org.br/details/3113/pt-BR. Acesso em: 7 ago. 2025.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Síndrome de Burnout passa a integrar lista de doenças ocupacionais pela OMS. Cofen Notícias, 2023. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/burnout-sindrome-passa-a-integrar-lista-de-doencas-ocupacionais-pela-oms/. Acesso em: 7 ago. 2025.

Profª. Drª. Aline Mesquita Lemos
Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Ateneu.
Doutora em Saúde Coletiva, mestra em Enfermagem, especialista em Atenção ao Paciente Crítico: Urgência, Emergência e UTI, em Saúde Mental e em Saúde da Família e graduada em Enfermagem.

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